Preservação da fertilidade por causas não médicas

Preservação da fertilidade por causas não médicas

Artigo de Isabel Giménez, Ginecologista na Unidade de Reprodução Assistida de Quirónsalud Saragoza.

Porque fazê-lo? Qual é a finalidade?

A finalidade da preservação da fertilidade é de criopreservar gâmetas com o objetivo de adiar o momento da maternidade. Uma das causas deste adiamento é a vida profissional ativa da mulher, que ocupa cada vez mais cargos de responsabilidade. Outra é a situação económica da população em idade fértil e, por outro lado, a presença de um parceiro adequado. Por estes motivos, nos últimos anos, aumentou a procura da preservação da fertilidade, como uma forma de adiar momentaneamente a maternidade, sem ter de renunciar a ela.

Que técnica se utiliza para a preservação da fertilidade?

A técnica mais utilizada é a vitrificação de ovócitos, que consiste na estimulação dos ovários mediante hormonas injetáveis e a extração dos ovócitos maduros através de uma punção folicular guiada por ecografia e sob sedação. Uma vez extraídos, vitrificam-se com uma técnica de congelamento ultra-rápida, com alto conteúdo de crioprotetores e sem que se formem cristais de gelo, para que o ovócito se mantenha o mais intacto possível. A vantagem de preservar ovócitos, em comparação a outras técnicas, como a vitrificação de embriões é que, para esta última, é necessário ter um parceiro adequado e a legislação não permite acumular embriões sem um destino concreto.

 

Quem pode fazê-lo?

Todas as mulheres, com ou sem parceiro/a, que desejem a maternidade em algum momento mais adequado. A questão mais importante seria saber até quando é aconselhável. A mulher nasce com uma dotação de óvulos que se vão consumindo ao longo da vida e, a partir dos 35 anos, existe um declínio na fertilidade feminina, que pode variar em função da dotação folicular ao nascimento, de fatores genéticos, ambientais, tóxicos etc. Desta forma, é "aconselhável" preservar a fertilidade até 35-38 anos. Em mulheres mais velhas, é prudente explicar as opções reais que existem de reserva ovárica e de gestação, para que, juntamente com o ginecologista, sejam tomadas as medidas mais adequadas.

 

Quais são os resultados da preservação da fertilidade?

Ainda que sejam necessários mais estudos a longo prazo, não foi demonstrado que existam maiores riscos obstétricos ou perinatais ou diferenças nas taxas de anomalias congénitas.

 

Qual é o problema de adiar a maternidade?

Com a idade, a qualidade e quantidade ovocitária diminui, sendo depois necessário recorrer a Técnicas de Reprodução Assistida. A vantagem de ter ovócitos próprios vitrificados, comparativamente a realizar um ciclo de FIV numa idade mais avançada, é que será mais eficaz a utilização de ovócitos mais jovens vitrificados do que os que existam nesse momento. E face à doação de ovócitos, existirá um vínculo genético. Por este motivo, recomenda-se que não adie a maternidade para além de uma certa idade e que, para o caso de querer deixá-la para um momento mais adequado, tenha em conta a opção de vitrificação de ovócitos.

 

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